Biologia sintética, agricultura hi-tech, interfaces digitais, deep fakes, computação quântica… Você já pensou como será o mundo com essas tecnologias?
E como elas vão afetar a transformação digital do seu negócio? A pesquisa Tech Trends 2020 buscou desvendar essas tendências — e pode ajudar a sua empresa a se preparar para os próximos anos.
A pesquisa é desenvolvida anualmente pelo Future Today Institute, que é comandado por Amy Webb, uma das mais respeitadas futuristas dos Estados Unidos.
Em sua 13ª edição, a Tech Trends 2020 — que você pode baixar neste link — identificou 406 tendências emergentes na tecnologia mundial e apresentou 26 cenários com riscos e oportunidades para o futuro.
Então, prepare-se: essas tendências vão moldar as empresas, a política e a sociedade nos próximos anos.
Agora, se você quer conhecer os cenários para o futuro do seu negócio e como você pode se antecipar a eles, acompanhe este artigo.
Vamos apresentar os principais insights da pesquisa para ajudar o seu negócio a abrir os olhos e se preparar. Siga conosco ou vá direto aos tópicos:
- Bem-vindos à década sintética
- Todos nós estamos sendo catalogados
- Robótica cada vez mais próxima das empresas
- Interfaces digitais em desenvolvimento
- Investimentos das big techs em agricultura
- China e a nova ordem mundial
- Uma nova economia da confiança
- Uma nova era da computação
Entenda a seguir o que esperar dessas tendências para 2020!
1. Bem-vindos à década sintética
Este parece ser o grande insight da pesquisa Tech Trends 2020: a década em que estamos entrando será marcada pela tecnologia sintética.
A expressão pode parecer estranha, mas certamente você já está se acostumando com a tecnologia sintética e nem percebeu.
No mercado, por exemplo, você já encontra “carnes” sem qualquer produto de origem animal. Ao entrar em contato com uma loja, você já interage naturalmente com um robô criado por inteligência artificial que se parece muito com uma pessoa.
Esses são exemplos de versões sintéticas da vida e mostram como isso está se tornando normal no nosso dia a dia.
Nos próximos anos, elas tendem a se propagar para trazer soluções em diferentes mercados — e é importante pensar como podem afetar a sua área de atuação, com a entrada de novos concorrentes ou a possibilidade de criar novos produtos, por exemplo.
Ao entrar na vida das pessoas, porém, esse tipo de solução, fabricada em laboratório, deve provocar questionamentos éticos e avaliações de segurança para ganhar o mercado, a aceitação do público e a permissão dos governos.
O episódio “Be Right Back” da série Black Mirror (veja abaixo o teaser, em inglês), em que a personagem interage com um avatar do seu namorado que morreu, agora já não parece algo tão fora da realidade, não é?
Biologia sintética
Um dos principais destaques da década sintética que estamos vivendo está na biologia.
A biologia sintética é uma nova área interdisciplinar, que combina engenharia, design, ciência da computação e, é claro, biologia. Os pesquisadores produzem e reproduzem organismos em nível molecular a fim de adaptá-los a diferentes ambientes e criar algo que não existe na natureza.
Com isso, podemos estar no caminho para reparar genes defeituosos, produzir combustível a partir de algas, desenvolver proteínas que substituam a carne animal e construir novas enzimas que façam a decomposição de plásticos.
Mídia sintética
Outro destaque da década sintética é a mídia. Já estamos interagindo com conteúdos que são “fakes” na internet, como personagens criados por inteligência artificial ou chatbots que marcam consultas e resolvem problemas de SAC.
A mídia sintética utiliza um conjunto de dados (pessoas, vozes, movimentos, vídeos etc.) para ensinar determinados comportamentos aos algoritmos. O resultado, então, são conteúdos digitais com aparência realista — tão realista que às vezes fica difícil saber se aquilo é ou não é de carne e osso!
Um exemplo já conhecido é a Miquela — uma influenciadora digital criada por inteligência artificial, mas com histórias, seguidores e patrocinadores reais.
Personagens como ela são chamados de influenciadores CGI (computer-generated imagery ou imagem gerada por computador) e estão entrando na mira das marcas.
Porém, ao mesmo tempo em que a mídia sintética pode ser usada para criar personagens com apelo comercial, substituir atores em filmes de ação e automatizar dublagem de filmes estrangeiros, ela também pode gerar fake news.
Não é por acaso que o Facebook proibiu deep fakes — conteúdos não-verídicos manipulados digitalmente — em sua plataforma. Portanto, vale a pena acompanhar o uso que a humanidade vai fazer dessa tecnologia.
2. Todos nós estamos sendo catalogados
Sorria, você está sendo monitorado! Gigantes da internet sabem quais conteúdos você publica, por quais ruas passa todo dia, quais sites acessou hoje e quais produtos comprou no último ano.
Os seus hábitos de viagem, a sua dívida no cartão de crédito, o seu rosto, o seu tom de voz, até a sua temperatura corporal podem ser monitorados, seja por governos ou empresas.
Isso pode acontecer até mesmo na sua casa, onde você tem total privacidade, não é? Mas a temperatura do seu corpo ao assistir à TV, os horários que você aciona o alarme, o ruído do ambiente durante a noite e os sinais dos seus dispositivos são alguns dados que a sua casa pode informar.
Basta estar vivo para produzir e emitir dados para organizações que estão catalogando as pessoas para diversos fins. Essas organizações conhecem muito bem a sua vida, definem que tipo de cidadão ou consumidor você é e tomam decisões no seu lugar — como a publicidade que você deve ver ou, em níveis mais atordoantes, quais locais públicos você pode frequentar.
Com a devida permissão, as emissões digitais de uma casa também podem ser usadas para otimizar tecnologias de smart home e personalizar produtos para as suas necessidades.
O controle social exercido pela China é um exemplo extremo. Diante da pandemia do novo coronavírus, o país utilizou a vigilância em massa para controlar a disseminação da doença com reconhecimento facial, rastreamento de infectados, detectores de temperatura corporal em locais públicos e monitoramento de redes sociais.
É claro que, apesar dos benefícios para conter o coronavírus, essas medidas foram acusadas de violar a privacidade e servir para perseguir opositores do governo e minorias sociais. Mais uma vez, a tecnologia pode ser usada para o bem e para o mal.
Entenda tudo sobre a nova “Lei Geral de Proteção de Dados” com este webinar!
3. Robótica cada vez mais próxima das empresas
Se a robótica parecia restrita a filmes de ficção científica há alguns anos, hoje ela já está dentro das estratégias das empresas.
Pode ser que ainda não estejamos vivendo no mundo dos Jetsons, mas os robôs já estão por trás de mecanismos de pesquisa, assistentes virtuais e softwares que usamos diariamente.
Uma grande diferença em relação aos robôs que vemos nos filmes e desenhos é que hoje há muitas soluções robóticas que não são físicas. A robótica está na nuvem e pode ser oferecida como serviço — algo que é chamado de robots as a service (RaaS).
Veículos autônomos, por exemplo, são robôs que usam dados de mapas e informações espaciais para tomar decisões automatizadas, sem a presença humana.
A Amazon tem uma plataforma de serviço de robótica na nuvem, chamada AWS Robomaker, para facilitar a criação, o teste e a implantação de aplicativos robóticos inteligentes em grande escala.
Além disso, a Tech Trends 2020 aponta também a tendência de trabalho colaborativo entre os robôs, que anteriormente costumavam apenas executar tarefas individuais. Agora, eles já formam times de robôs, chamados de cobots, que fazem tarefas antes inimagináveis.
Segundo a pesquisa, essas tendências da robótica podem transformar os negócios. Em breve, essas soluções estarão no dia a dia das organizações em uma variedade de usos, como na automação total da cadeia de suprimentos, nos canteiros de obras, na construção de estruturas 3D complexas e na interação com produtos químicos tóxicos, por exemplo.
Essas mudanças podem trazer mais eficiência no uso de recursos, aumentar a agilidade e a competitividade, mas também criar processos de fabricação mais éticos.
Em vez de empregar força de trabalho humana em ambientes insalubres (em condições de escravidão, muitas vezes), a robótica faria as tarefas. Ao mesmo tempo, há o desafio de buscar soluções justas e humanas para quem fosse substituído por robôs.
4. Interfaces digitais em desenvolvimento
Provavelmente ainda não vamos ver tantas pessoas andando por aí com óculos inteligentes que interagem com elas. Mas 2020 pode ser um grande ano para o desenvolvimento de novos produtos com tecnologias de realidade virtual (VR), realidade aumentada (AR), realidade misturada (MR) e hologramas.
Google, Amazon, Apple, Microsoft e Facebook têm essas interfaces digitais em suas estratégias de produtos. De acordo com a Tech Trends 2020, a previsão é que esse mercado alcance U$ 18,8 bilhões de investimentos em 2020 e chegue a U$ 200 bilhões em 2024.
Costumamos pensar nessas soluções apenas como ferramentas ocasionais ou diversão para o dia a dia. No entretenimento, já vemos shows de cantores em hologramas, o que pode desencadear um novo nicho de eventos.
Porém, interfaces digitais vão começar a cumprir papéis ainda mais importantes na vida em sociedade. Prepare-se para ver cirurgias executadas com holografia, equipes treinadas em ambientes virtuais e fábricas gerenciadas com realidade aumentada.
No entanto, um desafio para a popularização dessas tecnologias ainda é o custo e a qualidade das soluções. Engenheiros trabalham em melhorias de resolução, profundidade de campo, processamento de dados e formas 3D dinâmicas, por exemplo, para qualificar as soluções.
A expectativa é que elas se tornem mais cotidianas à medida que o óculos inteligente substituir o smartphone como nosso principal dispositivo pessoal.
5. Investimentos das big techs em agricultura
Pode parecer estranho, mas é isso mesmo: grandes empresas de tecnologia estão investindo em fazendas e agricultura hi-tech.
A Microsoft, por exemplo, tem duas fazendas nos EUA onde está testando um programa-piloto de automação agrícola. Já a Amazon está conduzindo pesquisas para desenvolver uma “fazenda indoor”.
Experiências como essas buscam desenvolver novos métodos de cultivo, irrigação, iluminação artificial, além do uso de dados para modernizar a agricultura.
Portanto, algumas das empresas mais poderosas do mundo, além de novas startups (chamadas de AgTechs) estão atentas a esse setor. Nesta entrevista, Amy Webb afirma que essa é uma das principais tendências para o Brasil, que é um país muito ligado ao agronegócio.
Mas por que será que isso está acontecendo? Eis um motivo básico: todo mundo precisa de comida para sobreviver. Só que as mudanças climáticas estão afetando a agricultura, que também é afetada por elas.
Diante desse cenário, esse setor tende a passar por uma grande transformação nos próximos anos em busca de soluções mais produtivas, rentáveis e sustentáveis. E as empresas estão se antecipando.
6. China e a nova ordem mundial
Aqui está uma tendência a se acompanhar no mundo pós-coronavírus: a força da China nas relações mundiais. Essa tendência já se apresentava antes da COVID-19, mas a pandemia tende a movimentar esse cenário.
Nas últimas duas décadas, a China ultrapassou os Estados Unidos como principal exportador mundial em todos os continentes, exceto a América do Norte.
No mercado interno, o país também se destaca: a previsão era que, em 2020, a China se tornaria o maior mercado de filmes do mundo, com receita projetada de U$ 10 bilhões.
Some-se a isso um governo rígido e centralizador, que tem um controle social exacerbado, mas que executa planos a longo prazo e conta com uma força de trabalho educada e treinada.
Além disso, investe pesadamente em infraestrutura digital, inteligência artificial, big data, bioengenharia e tecnologia espacial.
Por esses motivos, a Tech Trends 2020 aponta o surgimento de uma nova ordem mundial em que a China desponta na liderança. Porém, a pandemia do coronavírus pode alterar as dinâmicas da geopolítica mundial — ainda não sabemos como.
A nova indústria de tecnologia militar
É impossível pensar em uma nova ordem mundial sem considerar o poderio militar de cada nação. E não estamos falando exatamente de armas e bombas atômicas — as batalhas futuras serão travadas em códigos, algoritmos, dados e automação.
Países que são líderes em desenvolvimento de IA — EUA, China, Israel, França, Rússia, Reino Unido e Coreia do Sul — estão também desenvolvendo suas “armas tecnológicas”, com pelo menos algum tipo de automação.
Além disso, gigantes norte-americanas estão fazendo parcerias com órgãos militares e de inteligência para fazer pesquisas, desenvolver serviços e testar tecnologias nas mais diversas circunstâncias em prol da segurança nacional.
A CIA, por exemplo, fez um contrato milionário com a Amazon para desenvolver serviços na nuvem. A Microsoft foi contratada para desenvolver Hololens para o Exército dos EUA (embora tenha gerado muita polêmica).
7. Uma nova economia da confiança
Já vivemos em um mundo em que as pessoas entram em carros de desconhecidos para circular pela cidade e se hospedam na casa de estranhos quando estão viajando. Usuários não pensam duas vezes antes de fornecer seus dados para empresas que podem usá-los de formas obscuras.
Também já vivemos na era das fake news e estamos avançando para os deep fakes. Fazemos transações em criptomoeadas e confiamos em sistemas de blockchain para movimentar nosso dinheiro.
Novas tecnologias permitem que novas relações sejam estabelecidas com pessoas e sistemas do mundo inteiro, sem qualquer proximidade, contato físico ou conhecimento prévio. Por isso, entre as conclusões, a pesquisa aponta o surgimento de uma nova “economia da confiança”.
Nessa nova economia, novos produtos e soluções serão criados para proporcionar mais segurança às pessoas em suas relações e transações e no consumo de conteúdos.
Isso é essencialmente importante para empresas e governos, que lidam com dados sensíveis e precisam de sistemas de segurança da informação com extrema confiabilidade.
Porém, ao mesmo tempo em que se criam sistemas para aumentar a confiança, também podem surgir soluções para manipular a confiança das pessoas. Isso serve não apenas a pequenas fraudes, mas também a grandes interesses econômicos e políticos.
8. Uma nova era da computação
A pesquisa Tech Trends 2020 anuncia: estamos no começo de uma nova era da computação. Pela primeira vez, os conceitos de quantum computing e edge computing apareceram como tendências e podem transformar a maneira como vivemos.
Quantum computing (ou computação quântica) traz os fenômenos da física quântica para a ciência da computação. Conceitos como superposição e entrelaçamento proporcionam inúmeras possibilidades de combinação, que superam o sistema binário clássico (0 e 1).
Isso traz a possibilidade de criar computadores com uma velocidade de processamento muito maior que a computação clássica permite.
Já edge computing (ou computação de borda) permite fazer o processamento na “borda” da rede, ou seja, próximo ao usuário ou à fonte de dados, em contraposição ao cloud computing.
Com um processamento mais próximo, o usuário se beneficia de serviços mais rápidos e confiáveis. Isso fica mais claro quando pensamos em tecnologias de realidade virtual ou carros inteligentes, por exemplo, que precisam de tomadas de decisão em tempo real, sem latência, indisponibilidade ou largura de banda insuficiente.
Quantum e edge computing vão permitir que a humanidade lide melhor com a quantidade de dados que a computação clássica é incapaz de processar.
Provavelmente não vamos deixar de usar nossos computadores e dispositivos de hoje, mas essas tecnologias tendem a transformar a maneira como trabalhamos, aprendemos e nos relacionamos.
E o novo coronavírus?
A pesquisa Tech Trends 2020 foi lançada no início de março, antes que o mundo vivesse uma situação de calamidade por causa da Covid-19.
Portanto, todas as tendências previstas para o ano foram atravessadas pela pandemia, que pode modificar, acelerar ou retardar transformações tecnológicas, além de movimentar a geopolítica mundial.
Em face da necessidade de enfrentamento da doença, por exemplo, tecnologias de vigilância social podem ser mais utilizadas e aprimoradas, mesmo nos países democráticos que têm regulamentações mais rígidas quanto a isso.
A adaptação do mercado ao isolamento social, com a adoção de trabalho remoto e soluções à distância, também pode colocar a importância da tecnologia em evidência nas organizações.
Ao mesmo tempo, a paralisação do mundo diante da pandemia pode prejudicar o andamento de pesquisas e desenvolvimento de produtos. Por não servirem para enfrentar a doença e a situação de calamidade, algumas tecnologias estão sendo deixadas de lado temporariamente.
As relações econômicas e políticas também tendem a se alterar diante da pandemia. A disseminação do vírus evidenciou que o mundo não tem mais fronteiras, o que pode exacerbar medidas nacionalistas e protecionistas.
Ao mesmo tempo, a pandemia também mostra a importância da solidariedade, em detrimento da competição, para superar uma crise humanitária quando há um inimigo maior e avassalador.
Portanto, agora é preciso analisar o cenário da tecnologia com as incertezas trazidas pelo coronavírus. Após esse tempo sombrio, será possível analisar com mais clareza as tendências que vão moldar o mundo nos próximos anos.
Para o seu negócio, é importante analisar essas tendências e o impacto dessa crise mundial em alinhamento com o seu planejamento estratégico.
Segundo Amy Webb, as organizações não devem se preocupar com previsões, mas com a sua preparação diante do que vem por aí, já que as tendências servem para ajudar a antecipar cenários de um futuro cheio de incertezas.
Portanto, aproveite a pesquisa para avaliar riscos e oportunidades desses cenários, como as tendências corroboram ou desafiam o seu planejamento e como você pode tomar melhores decisões para fortalecer o seu negócio.
Enquanto a pandemia amplia as incertezas, um olhar criterioso para o futuro traz mais segurança para o seu negócio.
Pensando nisso, saiba como aplicar esses conhecimentos sobre dados, tendências e novas tecnologias com o nosso guia completo sobre Inteligência de Mercado!
CONTEÚDO CRIADO POR HUMANOS
Encontre os melhores freelancers de conteúdo no WriterAccess.
CONTEÚDO CRIADO POR HUMANOS
Encontre os melhores freelancers de conteúdo em WriterAccess.