A TV brasileira tem 70 anos já? Confira seu histórico de comunicação e marketing

A TV brasileira completou 70 anos e alcançou a era da tecnologia como um dos meios mais seguros de acesso à informação confiável, num momento em que as fake news viralizam nas mídias sociais e em aplicativos de mensagens, e órgãos reguladores discutem os aspectos éticos e morais envolvidos na segmentação e sugestão de conteúdos operacionalizada pelos algoritmos.

Atualizado em: 25/10/2021
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O marketing, assim como a TV brasileira, também evoluiu nesses 70 anos. Muitos conteúdos publicitários ainda fazem parte das lembranças e do imaginário coletivo da população, entretanto, o tom de fala, o roteiro e a construção das peças caracterizam as mudanças sociais e culturais das últimas décadas.

Hoje, ao assistirmos alguns comerciais, percebemos a importância de discutir na própria televisão, em função do seu grande alcance, temas que nos fazem evoluir como sociedade, como a inclusão social e a luta antirracista. Além disso, o marketing digital, o modelo de pagamento recorrente, por meio de assinaturas e novas plataformas de anúncio marcaram as mudanças desse ponto de contato com o público.

No Brasil, o streaming pulveriza a audiência da TV, mas não limita a sua abrangência nem a democratização do acesso à informação, uma vez que muitos brasileiros ainda não têm acesso à Internet de qualidade para escolher entre conteúdo digital e programação televisiva. Com isso, a mídia tradicional ainda fatura com seus anunciantes, mas também investe na criação de canais digitais para atender a vários tipos de público.

Neste artigo, falamos sobre os 70 anos da TV brasileira, a história e as campanhas publicitárias épicas que marcaram a memória dos brasileiros e, ao final, discutimos a evolução do marketing e o que esperar da mídia tradicional no país a partir da aceleração da transformação digital. Vamos lá?

    A história da TV brasileira em 70 anos

    Antes da chegada da TV ao Brasil, em 18 de setembro de 1950, apenas os Estados Unidos, a Inglaterra e a França estavam na vanguarda da programação televisiva. Nesses 71 anos desde a inauguração, quando as transmissões ainda eram em preto e branco e a infraestrutura das emissoras não contava com a tecnologia disponível nos dias atuais, muita coisa evoluiu. Veja a seguir, uma breve linha do tempo com fatos que marcaram o desenvolvimento da TV brasileira nesses 70 anos:

    • 1950: inauguração da TV Tupi por Assis Chateaubriand;
    • 1952: lançamento da TV Paulista pelo canal 5;
    • 1953: lançamento da TV Record no canal 7;
    • 1954: lançamento do primeiro programa infantil conhecido como “Sítio do Picapau Amarelo”, pela TV Tupi, e do primeiro seriado chamado “Capitão 7”, pela TV Record;
    • 1955: primeira transmissão externa direta de futebol, feita pela TV Record, do jogo entre os clubes brasileiros Santos e Palmeiras, na Vila Belmiro;
    • 1956: lançamento do primeiro programa humorístico “Praça da Alegria”, de Manuel da Nóbrega, pai de Carlos Alberto de Nóbrega, pela TV Paulista, e do primeiro programa de palco, “Programa do Chacrinha”, pela TV Tupi;
    • 1957:  lançamento da “Escolinha do Professor Raimundo”, de Chico Anysio, pela TV Rio;
    • 1960: lançamento da TV Excelsior, em São Paulo;
    • 1962: criação da Empresa Brasileira de Telecomunicações e do “Código Brasileiro de Telecomunicações”;
    • 1963: regulamentação da programação ao vivo na televisão, lançamento do “Programa Silvio Santos”, pela TV Paulista, e transmissão da primeira telenovela, “2-5499 Ocupado”, estrelada por Tarcísio Meira e Glória Menezes, pela TV Excelsior;
    • 1965: lançamento da TV Globo no canal 4, no Rio de Janeiro, e compra da TV Paulista que originou a TV Globo SP;
    • 1967: criação do Ministério das Comunicações e lançamento da TV Bandeirantes no canal 13;
    • 1969: lançamento da TV Cultura no canal 2 e transmissão da chegada do homem à lua com narração de Hilton Gomes e trilha sonora com o poema sinfônico de Richard Strauss “Assim Falou Zaratustra”;
    • 1970: lançamento da TV Gazeta no canal 11 e extinção do canal TV Excelsior pelo governo militar;
    • 1972: extinção da TV Continental pelo governo militar e primeira transmissão de programação em cores “a Festa da Uva de Caxias do Sul/RS”, pela TV Globo;
    • 1977: decreto regulamentando a propaganda governamental gratuita;
    • 1980: extinção da TV Tupi e unificação da TV Bandeirantes;
    • 1981: lançamento do SBT;
    • 1983: lançamento da Rede Manchete;
    • 1985: lançamento do primeiro satélite de comunicação brasileiro, o Brasilsat, e das antenas parabólicas, que ajudaram a levar a programação para localidades rurais, pequenas cidades e comunidades ribeirinhas;
    • 1987: mudança de nome da Rede Bandeirantes para Band;
    • 1989: compra da TV Record pelo bispo Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus;
    • 1990: lançamento da TV por assinatura no Brasil, compra do Canal+ e criação da MTV Brasil pelo Grupo Abril;
    • 1992: lançamento do serviço de TV a cabo pela NET;
    • 1993: lançamento do Cartoon Network com programação infantil 24 horas por dia;
    • 1995: inauguração do Projac pela Rede Globo, maior estúdio de produções televisivas da América Latina;
    • 1996: lançamento do canal GloboNews, com programação jornalística 24 horas por dia;
    • 2003: criação do consórcio para a implantação da televisão digital no Brasil;
    • 2007: início do sistema de transmissão de sinal digital e lançamento da Record News em sinal aberto;
    • 2014: alteração dos logotipos e da grade de programação do Grupo Globo e SBT para competir com os serviços de streaming;
    • 2016: desligamento dos sinais de televisão analógica em várias cidades do Brasil;
    • 2018: desligamento definitivo do sinal analógico;
    • 2019: acordo entre o Grupo Globo e a estatal China Media Group para a cooperação mútua de uso de tecnologia;
    • 2020: suspensão da programação televisiva ao vivo pela primeira vez desde o lançamento da TV brasileira em função da pandemia causada pela COVID-19 e publicação da Medida Provisória 984 que determinou a quebra de contratos de transmissão do futebol e a instituição dos direitos de transmissão ao clube mandante dos jogos.

    As campanhas publicitárias que marcaram a memória dos brasileiros

    Certamente, você se lembrará de algum dos comerciais abaixo. Os principais anunciantes da TV brasileira de 70 anos sempre foram as maiores empresas do país e o merchan acontecia dentro da grade dos programas. Veja a seguir, algumas campanhas que marcaram a memória dos brasileiros.

    Farinha Láctea Nestlé

    Usando uma gravação feita com crianças, mas com a dublagem realizada por mulheres adultas, esse comercial foi um dos primeiros a veicularem na TV brasileira a divulgação de produtos como uma promessa de solução dos problemas do seu público-alvo.

    Sabonetes Gessy

    Esse jingle marcou a época e a marca de sabonetes mais famosa nos anos de 1960.

    Boneca Pierina da Trol

    A história contada a partir do sonho de uma menina de ter a sua boneca fez com que ela se tornasse o desejo de inúmeras telespectadoras mirins daquela época.

    Casas Pernambucanas

    Mais um jingle que marcou a sua época, o das Casas Pernambucanas sempre foi uma referência quando tratamos de comerciais inesquecíveis. Essa peça publicitária foi veiculada por muitos anos, o que contribuiu ainda mais para a sua permanência na memória dos brasileiros.

    Velocípedes Trol

    Imagine quantas crianças não desejaram os velocípedes da Trol depois de assistirem um comercial ambientado no faroeste em Stop Motion!

    Pepsi

    Um comercial que ilustrou uma mudança social, baseada no conceito de paz e amor da década de 1970.

    Rodox

    O comercial da Barata Rodox ganhou o Leão de Veneza, em 1972, com animação e roteiro sensacionais.

    Café Seleto

    O comercial do Café Seleto é outra animação com jingle que encantou e marcou a geração.

    Maionese Cica

    Esse comercial aproveitou a relevância dos personagens consagrados do Maurício de Souza para divulgar um produto sem relação com as aventuras da Turma da Mônica, mas cujo resultado foi um tremendo sucesso na época.

    Iogurte Vigor

    Quem não fica com vontade de tomar um iogurte com depois de assistir a Renatinha e suas tranças?

    Limpol da Bombril

    Carlos Moreno foi o garoto propaganda da Bombril por muitos anos e entrou para o Livro dos Recordes exatamente por fazer comerciais ininterruptamente por 26 anos! A Bombril, conhecida pelas esponjas de lã de aço, também foi pioneira no lançamento de grandes comerciais que aumentaram o reconhecimento da marca em toda a sua linha de limpeza, como o Limpol, detergente da publicidade abaixo.

    Lápis de cor da Faber Castell

    Esse comercial da Faber Castell encantou completamente a geração dos anos 1980. Quem não parava tudo ao ouvir a música que embala o sono das crianças até hoje? Por esse motivo, já foram lançadas inúmeras versões com o mesmo roteiro sem comprometer a magia da campanha.

    Big Mac

    “Dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola, picles num pão com gergelim é Big Mac”. O que dizer desse jingle que não sai da cabeça até hoje e é lembrado sempre que você vê a logomarca do McDonald’s? Você acredita que esse comercial tem 34 anos?

    Valisère

    Esse comercial é um clássico e focou na solução para os anseios de uma jovem que se sentia incomodada por não ter um sutiã. O sucesso da campanha foi tão grande que cunhou a logomarca “O primeiro Valisére a gente nunca esquece”.

    Leite Moça

    O leite condensado, que antes era comercializado em função da escassez de leite, passou a ser associado à culinária e à pâtisserie por meio de um comercial que edificou a usabilidade do produto e reposicionou a comunicação da marca.

    Araldite

    A Araldite se aproveitou da repercussão entre uma disputa de mercado de duas marcas de um segmento completamente diferente para divulgar e aumentar as vendas do seu produto. Esse comercial ganhou um Leão de Ouro no Festival de Filmes Publicitários de Cannes. Vamos combinar que a ideia realmente foi sensacional!

    Poupança Bamerindus

    Esse jingle gruda mesmo. Por isso, recomendamos que você pense bem antes de dar um play no vídeo: a poupança Bamerindus teve inúmeras versões e embora o seu comercial seja lembrado até hoje, a empresa entrou em processo de falência alguns anos depois.

    Guaraná

    “Quero ver pipoca pular, pipoca com Guaraná, quero ver pipoca pular, pular, soy loco com pipoca e Guaraná”! A combinação se tornou referência no cinema e aumentou o consumo da dupla em qualquer ocasião, o que potencializou a divulgação e as vendas da marca.

    Brastemp

    Quem não se lembra desse comercial? Uma dona de casa e seu marido exaltando os benefícios de uma lavadora Brastemp com o bordão que passou a ser usado em inúmeras ocasiões até hoje… “Porque não é uma Brastemp, mas…”

    Tesourinha Mundial

    Você vai assistir a esse comercial e vai pensar: “Como era possível fazer algo desse tipo com as crianças?”. Um garoto que provoca os telespectadores dizendo “Eu tenho você não tem” é demais pra qualquer um, mas funcionou muito bem naquela época e muita gente ainda deve se lembrar de desejar uma tesourinha dessas…

    Varig

    Um apelo cômico para exaltar a qualidade da companhia aérea que não fazia muitas escalas e prezava pela experiência dos viajantes.

    Parmalat

    Eram tão fofinhos esses filhotes da Parmalat! O comercial fez tanto sucesso que a fantasia se tornou peça indispensável nos estúdios de fotografias que produziam books infantis!

    Gol

    Um roteiro sensacional para a divulgação da segunda geração do Gol, um dos carros de maior sucesso da Volkswagen.

    Milkybar

    Qualquer pessoa queria abraçar esse Milkybar! Chocolate e futebol, duas paixões nacionais juntas? Era muito irresistível!

    Tetrapack

    A Tetrapack criou esse comercial para divulgar o seu método inovador de acondicionamento de produtos de alta perecibilidade, nesse caso o leite, mas de forma muito surpreendente. Embora não tenha a mesma qualidade do produto recém tirado da vaca, como divulgado na peça publicitária, o leite mantém suas qualidades no invólucro registrado pela marca.

    Tortuguitas

    Como não desejar uma Tortuguita depois de assistir a esse comercial? O único problema são as falas das tartarugas da animação que, definitivamente, não seria veiculada hoje por conta disso.

    DDD

    O jungle é irritante, mas a letra do comercial da Embratel é sensacional e popularizou a ligação à longa distância no Brasil!

    Brahma

    Uma tartaruga que bebe cerveja também não seria aceita na TV atualmente, mas esse comercial da Brahma fez muito sucesso na época e é lembrado até hoje!

    Mastercard

    Muitas pessoas ainda usam o bordão “Não tem preço” da Mastercard em outros contextos, o que tornou essa propaganda atemporal.

    Amoeba

    Os YouTubers de hoje não sabem, mas o slime já foi a Amoeba que fez muito sucesso nos anos 2000!

    Nissan

    Para fechar a lista, os pôneis malditos da Nissan! Essa é pra você terminar a leitura do artigo com o jingle na cabeça e se lembrar o quanto é importante usar o marketing para criar campanhas memoráveis e edificar a sua estratégia de branding!

    A evoluçãp do marketing ao longo das décadas

    O modelo tradicional de anúncios é usado desde o início da TV brasileira, entretanto, as estratégias de marketing evoluíram conforme o avanço da tecnologia e a mudança de comportamento do consumidor. Um exemplo disso é o discurso que hoje vemos nos comerciais de TV.

    Se você comparar com os roteiros das campanhas publicitárias mais antigas, verá que a sociedade mudou ao longo do tempo e hoje os comerciais tentam exaltar a essência das pessoas, valorizar a cultura e as diferenças sociais. Além disso, as informações são comunicadas com mais transparência, embora ainda existam muitos pontos de contato que negligenciam as boas práticas do jornalismo de qualidade.

    Em relação ao marketing, as campanhas e os conteúdos passaram a ser mais segmentados: se antes atingir o máximo de público possível era a estratégia mais interessante de uma emissora, atualmente vemos que mais importante é alcançar uma audiência predeterminada e de maior fit com aquela programação, por meio da delimitação da persona.

    Isso aumenta a fidelização, pois, quando falamos de TV, também precisamos considerar o costume das pessoas que navegam pela sua programação preferida da mesma forma diariamente.

    O que impactou definitivamente a forma como os conteúdos televisivos são produzidos é o comportamento omnichannel dos telespectadores.

    Hoje, não se vê pessoas assistindo a uma programação de TV sem um celular nas mãos. Por esse motivo, é preciso produzir cada vez mais conteúdos interativos, que incentivam o engajamento e a participação ativa dos telespectadores.

    A TV é uma grande formadora de opiniões e, diferentemente do que aconteceu na época da ditadura, quando o governo era o maior anunciante da TV, hoje ainda podemos contar com recursos que permitem averiguar a veracidade das informações e a credibilidade das fontes.

    Por isso, nesses 70 anos de vida da TV no Brasil, precisamos discutir mais do que nunca a isenção dos algoritmos que criam perfis com base em nossas preferências pessoais e, ao mesmo tempo, formam bolhas de informações que não permitem que as pessoas tenham acesso às várias versões de um mesmo fato para formar a sua própria opinião. Além disso, devemos estar atentos à qualidade dos conteúdos que acessamos diariamente por meio dos nossos canais de informação.

    Agora que você já sabe a história da TV brasileira em 70 anos, avalie em qual canal a sua estratégia de marketing pode ser mais efetiva: a Internet ou a TV?

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