11 armadilhas do Português que confundem até os redatores mais experientes

armadilhas do português que até redatores experientes deixam passar

Por mais que línguas como o alemão, o russo e o grego tenham fama de estar entre as mais difíceis do mundo, o português também não é tão simples assim!

Mesmo quem tem o idioma como língua materna vira e mexe dá uma escorregada, e quando o assunto é a escrita, até quem ganha a vida como redator web precisa dar atenção aos erros de português. Afinal, quanto mais correto e de acordo com as normas é o seu texto, mais credibilidade você ganha no mercado!

Que tal conhecer 11 armadilhas que você muito provavelmente está caindo e dar um upgrade na sua escrita em menos de dez minutos?

“Este” versus “Esse”

No dia a dia, na linguagem oral, quase não usamos o “este”, e talvez por isso muita gente acredite que ele seja mais formal e, como tal, deva ser empregado na escrita. A suposição é lógica, mas equivocada!

Os dois termos podem ser usados em textos escritos e formais, de acordo com o seguinte:

  • “Este”, quando acompanhado de substantivo, se refere a algo que sucede a expressão, como neste exemplo: “Esta é a frase mais famosa de Hamlet: ‘ser ou não ser, eis a questão’”. (Reparou que, como o exemplo veio depois, usamos “neste” ali atrás?);
  • Enquanto “esse” se refere a algo que antecede a expressão, ou seja, que já foi dito anteriormente, como em: “Você já leu algum outro post do blog da Comunidade Rock Content? Esse blog é muito bom!”.

Porém, quando o “este” está substituindo alguma coisa e, por isso, não vem acompanhado de substantivo, sua oposição é com “aquele”, e não “esse”. “Este” retoma, então, o que está mais próximo, e “aquilo” retoma o termo mais distante.

Dê uma olhada nesse exemplo: “Shakespeare e Lewis Carroll são escritores britânicos. Este é o autor de ‘Alice no País das Maravilhas’ enquanto aquele escreveu ‘Romeu e Julieta’”. Sacou a diferença?

Uso incorreto do “que”

E já que estamos falando de confusões causadas pelo uso da língua na oralidade, não podemos deixar de mencionar o queridinho dos papos em português: o “que” como pronome relativo.

Se não há problema algum em falar “na hora que eu estiver saindo” em situações informais, na linguagem escrita, é preciso se lembrar de que “a hora” exige a preposição “em”. Se você pensou que o correto seria “na hora em que eu estiver saindo”, acertou!

Mas não é só o “em” que costuma sumir quando o “que” aparece. Quando está representando uma oração subordinada substantiva indireta (Ui! Calma, a gente traduz: precedida de preposição!) o “que” não pode ignorar a regência do verbo (ou seja, a regra que diz se ele precisa ou não de preposição e qual delas é necessária), já que isso pode resultar em algumas confusões.

É fácil. Sempre que estiver usando um verbo que precisa de preposição, ela vai ter que aparecer no “que” (ou “qual” ou “onde” ou “quem”, etc.):

  • “O lugar para o qual ele vai” e não “o lugar que ele vai”, afinal, vamos sempre “para algum lugar”;
  • “A menina de quem eu gosto” e não “a menina que eu gosto”;
  • “O filme sobre o qual eu te falei” ou “do qual eu te falei” e não “o filme que eu te falei”, e assim por diante.

Regências complicadas

Agora que você já sabe que precisa se lembrar das preposições na hora de usar o “que”, tem que ficar ligado também nas preposições que acompanham cada verbo.

O problema aqui, mais uma vez, é que frequentemente o que usamos no boca a boca não é exatamente o que deve ser empregado em algo um pouquinho menos informal, e muitos verbos acabam saindo com a regência errada por causa disso.

Alguns dos mais problemáticos são:

“Influenciar”

O que você acha que é certo: “O que você come influencia na sua saúde” ou “o que você come influencia sua saúde”? Se chutou a segunda opção, é isso mesmo: o verbo influenciar, na verdade, é transitivo direto, por isso não precisa vir acompanhado de nenhuma preposição!

“Contribuir”

Nosso post contribui “para a melhoria da sua escrita”, ou “com a melhoria da sua escrita”? Esse é um dos erros de português mais comuns, já que o verbo “contribuir” pode vir com as duas preposições, dependendo da situação: “com” deve preceder o meio pelo qual a contribuição ocorre (dinheiro, dicas de português, doações filantrópicas, etc.), enquanto “para” precede o objeto da contribuição. Aqui, portanto, estamos contribuindo com dicas de português para a melhoria da sua escrita.

Existem muitos outros verbos (“focar”, por exemplo!) que podem causar confusão na hora de escrever um texto. O ideal é sempre dar uma pesquisada na web — a página de educação da UOL, por exemplo, é uma ótima fonte — ou num dicionário de regência para tirar a dúvida. São dois minutos que podem fazer toda a diferença nos seus artigos!

“Têm” e “vêm”

Você já viu “têm” e “vêm” escritos com acento circunflexo? Achou que era alguma grafia antiga? Pois estava enganado!

Existem muitos verbos cuja acentuação se altera na conjugação, e esses dois são os mais difíceis, já que a mudança só indica que estão sendo conjugados no plural, e não no singular (ou seja: “ele tem”, mas “eles têm”). Há também outros mais simples — como “enxaguar”, que só não leva acento no “xá” em “nós enxaguamos” e “vós enxaguais”! Mais uma vez, na dúvida, é só dar uma pesquisada!

“Mais” e “mas”

Pode parecer bobagem, mas há muitos casos de redatores que confundem o mais e o mas.

E, embora a prática possa ajudar a detectar as principais armadilhas com relação à aplicação de ambas as palavras, existem ainda muitos casos em que a distração pode nos impelir ao erro. Por isso precisamos frisar: mas é a conjunção adversativa, enquanto mais é o advérbio de intensidade.

Ou, pelo menos, é assim que as duas palavras se comportam na maioria dos casos. O que significa que dizer coisas como “mais durmo tarde” pode fazer o seu leitor sentir um arrepio.

Para evitar que isso aconteça não há outro jeito: você deve revisar minuciosamente tudo que escreve, pois na maioria dos casos a confusão entre “mais” e “mas” não se dá porque o redator desconhece seus significados e sim por um erro de digitação.

O que acontece com os erros de digitação que não criam palavras bizarras é que eles passam despercebidos nos corretores ortográficos automatizados. Então o único jeito de pegar um erro desses e evitar uma bronca do seu revisor é antecipando o trabalho dele e conferindo, parágrafo por parágrafo, a grafia e significado das palavras escolhidas.

Os porquês

Já falamos aqui sobre o uso dos porquês, mas a pauta parece sempre dar pano para manga. É que utilizar corretamente esses termos, sejam juntos, com acento, sem acento ou separados pode confundir a nossa cabeça. Você já ouviu a música dos porquês?

Ela é muito utilizada por professores do ensino fundamental e deve ser cantada sobre a melodia de “Peixe-vivo” (aquela canção que o presidente JK adorava). É mais ou menos assim:

“o porque é separado só nas interrogações,

mas ele é acentuado no final das orações,

o porque é sempre junto quando for igual a pois,

nesse caso é conjunção e não há mais confusão,

o porque acentuado é motivo ou é razão”

Embora a canção possa ajudá-lo a tirar uma dúvida simples quando estiver escrevendo, não há outra forma de aprender as regras relacionadas ao uso dos porquês senão estudando-as. O hábito da leitura também o ajudará a detectar quando essas palavras são empregadas com grafias diferentes e porquê.

Quer começar a aprender? Então leia o post que dedicamos exclusivamente a esse assunto e baixe nosso Guia de Português e Gramática.

Guia de Português e Gramática para Produção de Conteúdo Web

“Para mim”

O uso do “para mim” é um dos grandes problemas da oralidade. É que, no discurso, muitas vezes parece adequado usar o pronome pessoal oblíquo tônico quando na verdade não é. O mim deve sempre ser aplicado, no discurso ou na escrita, quando assume função de objeto indireto e, consequentemente, é precedido por uma preposição.

Caso contrário, não há lugar nos seus textos para usar o “mim”. E o “para mim” fica relegado apenas àquelas ocasiões em que se complementa um verbo transitivo indireto. Quer ver como isso fica na prática?

Ex:

  • Você trouxe a viola para mim?
  • Pensei que essa encomenda tinha chegado para mim.

Em todos os outros casos nos quais o uso do “mim” é inadequado, fazemos a aplicação do “para eu”. O “para eu” utiliza o pronome pessoal reto e assume sempre a função do sujeito. Então fica fácil entender quando ele precisa aparecer nas frases a partir do momento em que você compreende bem os termos da oração.

Quando há um verbo no infinitivo e o nosso objetivo é nos referir, obrigatoriamente, ao sujeito de uma frase, não se engane. O “para eu”, embora possa soar estranho logo no início, é a forma correta de construir essa frase.

Meia e meio

Já ouviu um “ela ficou meia chateada” e teve vontade de morrer? Pois é, esse é um daqueles erros de português que nos incomodam logo na primeira audição. E, ainda assim, continuam sendo repetidos por aí.

Por que é que as pessoas confundem a meia e o meio? O advérbio de intensidade ou numeral fracionário “meio” exerce duas funções na língua portuguesa. Pode ser o tanto que você gostaria que algo acontecesse ou uma fração de um todo.

Já a meia tem apenas um papel: calçar os nossos pés ou aparecer nas frases vinculada a um substantivo (e, consequentemente, concordando com seu gênero). Pense, por exemplo, em frases como “meia xícara de farinha” ou “meia hora”.

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Nada haver e nada a ver

O verbo haver tem uma porção de particularidades, não é mesmo? E, o fato de que ele está vinculado, em sentido, ao verbo existir na maioria de suas aplicações tende a complicar bastante a vida de um redator. O fato de uma coisa não coexistir com outra, então, geralmente faz com que cunhemos expressões como o “nada haver”.

Mas é o “nada a ver” que está correto. A explicação não poderia ser mais simples nem se tentássemos: trata-se, meramente, da negação de ter “algo a ver”.

Então o “nada a ver” significa não ter relação com algo, não corresponder e, em muitos casos, não dizer respeito a determinada coisa. Mas isso não significa que todas as aplicações do “nada haver” estejam incorretas.

Como já dissemos, o verbo haver é complicado. E a expressão “não ter nada a haver” existe na língua portuguesa, significando que você não tem nada a receber de alguém. O advogado já não tem nada a haver de seus clientes.

Preste atenção ao construir frases assim. Qualquer deslize pode colocá-lo em uma armadilha do português.

Aonde e onde

Aqui as coisas ficam um pouco mais complexas. É que ambos aonde e onde são advérbios de lugar. Mas o que diferencia os dois é a presença da preposição, ou no caso, a partícula “a”.

Não podemos usar “aonde” se nenhum dos verbos na frase pede essa preposição. Quanto menos em orações que não façam sugestão de movimento, como “aonde você vai?”. Por causa disso, ninguém mora “aonde” ou conhece “aonde”.

Através e por meio de

Por último, não podíamos deixar de citar esse caso comum de dúvidas. Dentre as armadilhas do português “através” e “por meio de” se destacam como um caso à parte.

A maioria dos gramáticos concorda que “através” é sempre o que atravessa. Por esse motivo você deve sempre dar preferência ao “por meio de” ou “pelo” quando este não for o caso.

E aí, você já conhecia todas essas regras malucas da nossa língua? Sabe outras armadilhas do português que não foram mencionadas aqui? Fale com a gente nos comentários e baixe o Guia de Português e Gramática para continuar aprendendo!

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