Figuras de Linguagem no Storytelling: como esses recursos podem te ajudar a contar boas histórias

figuras de linguagem

As figuras de linguagem no storytelling funcionam muito bem para enriquecer narrativas. O ato de contar histórias para convencer e inspirar as pessoas é muito mais eficiente quando dispomos dos recursos linguísticos adequados.

As figuras de linguagem são frases construídas para que sejam mais expressivas e traduzam melhor um sentimento, portanto, são bastante úteis ao criar materiais com storytelling, como vídeos, textos e roteiros.

O papel de recursos como a analogia, a metáfora e a símile é suprir algumas lacunas das histórias, ampliar o significado delas e fazer com que consigamos compreender um conceito mais rapidamente. Elas seguem o modelo show, don’t tell (ou “mostrar para não falar”).

Neste artigo de hoje, você entenderá como essas três ferramentas de linguagem vão ajudar você a fazer um storytelling de primeira. Pronto?

Símile

De todas as figuras de linguagem, a símile é a mais interessante para o storytelling. Não é muito difícil entender o porquê. O conceito de símile está tão presente em nossa rotina que, chamando-a por este nome, talvez você não a reconheça.

Ela também responde pelo nome “comparação”.

Estamos habituados a comparar tantas coisas quanto possível em nossas vidas, a fim de informar o interlocutor melhor a respeito sobre o que queremos dizer. Você já deve ter dito que algo, ou alguém, “corre como uma lebre” ou “pula como um coelho” — isso são símiles.

A comparação se diferencia da metáfora pela maneira como é construída. No caso, deve sempre conter comparativos. Como, tal qual, feito, que nem ou igual a. Embora metáforas sirvam também para explicar uma coisa usando outra de exemplo, elas são feitas diretamente.

Se em uma metáfora diríamos “eu carrego o mundo nas costas”. Em uma símile, o certo seria “é como se eu carregasse o mundo nas costas”. Ambas as frases têm o mesmo significado, mas cada uma delas um peso diferente.

No caso da primeira, ao ouvi-la, não associamos carregar o mundo nas costas com o ato. Trata-se claramente de uma representação da dor que o eu-lírico sente. Por outro lado, “como se eu carregasse o mundo nas costas” é uma frase descritiva e mais extensa, que chama o interlocutor para a ação e faz com que ele se coloque no lugar de quem está contando a história.

Esse tipo de construção aparece tanto na literatura e na música para compor o storytelling, que apostamos que você conhece, pelo menos, um dos exemplos abaixo.

  • “Te ver e não te querer (…) / É como mergulhar no rio / E não se molhar / É como não morrer de frio / No gelo polar” (Skank);
  • “Mas só muito mais tarde, como um estranho flash-back premonitório, no meio duma noite de possessões incompreensíveis” (Caio Fernando Abreu);
  • “Sei que aí dentro ainda mora um pedacinho de mim / Um grande amor não se acaba assim / Feito espumas ao vento” (Fagner);
  • “Aquele rio / Era como um cão sem plumas” (João Cabral de Melo Neto); e
  • “Meu amor! / Tudo em volta está deserto / Tudo certo / Tudo certo como dois e dois são cinco” (Caetano Veloso).

A símile também tem um apelo poético, por isso grande parte dos exemplos aqui vem da música e da poesia. João Cabral de Melo Neto, citado acima, é um dos autores mais conhecidos pela utilização dessa figura de linguagem, que aplica principalmente com o objetivo de aproximar-se de movimentos artísticos como o Surrealismo.

A obra “O cão sem plumas” é repleta de comparações e se vale delas para ajudar o leitor a visualizar o poema.

O uso desses tipos de “metáforas explícitas” na poesia é uma maneira de articular ideias para que elas tenham movimento e saiam do implícito para o explícito, como acontece quando damos um exemplo ou ilustramos uma situação com vídeos, fotos e desenhos.

O poder da comparação é tornar visuais as ideias que um autor tenta passar no storytelling, por isso, trata-se da figura de linguagem mais poderosa que você pode usar para contar uma história.

Metáfora

Não é porque as símiles são mais utilizadas no storytelling que devemos deixar de lado as metáforas. Ambos os tipos de comparação são cabíveis, embora cada um sirva a um propósito. Como mencionamos, metáforas são menos explícitas e não nos convidam para a ação, apenas traduzem o que elas significam dentro da história.

Quando dizemos que algo é a “chave do problema”, que alguém “está um touro” ou que uma informação foi um “balde de água fria” estamos nos concentrando no que a ação significou para o personagem, ou para o contexto da história. Com elas, o objetivo é remeter imediatamente a situações visuais, concretas e táteis, de maneira bruta.

As metáforas são muito eficientes no storytelling porque são formas breves de contextualizar ações e emoções que enriquecem uma história, sem torná-la mais extensa ou complexa.

Veja alguns exemplos de metáforas em poemas e narrativas para entender esse conceito melhor:

  • “O mar podia ser uma bandeira” (João Cabral de Melo Neto);
  • “O afeto é fogo” (Gilberto Gil);
  • “Eu sou, eu sou, eu sou amor da cabeça aos pés” (Novos Baianos); e
  • “As mãos que dizem adeus são pássaros que vão morrendo lentamente” (Mario Quintana).

Analogia

A analogia é a figura de linguagem que pode ser associada mais facilmente aos provérbios. Trata-se do destaque das características semelhantes entre duas entidades diferentes. Parece complicado? Não é.

Quando fazemos uma analogia, trazemos o significado ou a informação contida em uma palavra para outra. É como se nos valêssemos de uma mesma premissa para justificar duas situações distintas.

As analogias, como outras figuras de linguagem mencionadas aqui, também têm regras que as definem. A principal delas é quanto ao formato. Precisamos construí-las sempre de forma que A esteja para B como C está para D.

No storytelling, analogias são utilizadas não como ilustração, mas como argumento. Elas seguem uma lógica em particular e conseguem mostrar que a lição, ou moral da história, faz sentido e deve inspirar quem a escuta.

Na filosofia, no direito e na produção de conteúdo, analogias são utilizadas para justificar a mensagem e devem ser empregadas quando isso se faz necessário.

Há muitos outros tipos de figuras de linguagem que podem ser utilizadas para criar uma narrativa interessante. Personificação, ironia, hipérbole e eufemismo são as que vemos com maior frequência, principalmente em peças de ficção e nos livros. Saber como utilizar cada uma delas vai lhe apontar qual cabe melhor na sua história e como deve ser aplicada.

Como acontece com todas as produções de conteúdo, o uso de figuras de linguagem no storytelling exige prática.

Tente escrever pelo menos um texto todos os dias aplicando algum desses recursos e, se não conseguir, busque assinalar durante a revisão em que partes da história poderia ter incluído pelo menos uma figura de linguagem.

Observe como outros autores as utilizam e busque entender por que funcionam tão bem nas histórias de terceiros, mesmo que ainda não façam parte dos storytellings que você compõe.

Gostou de aprender como usar as principais figuras de linguagem no storytelling? Confira nosso minicurso completo sobre a arte de contar histórias e torne-se um especialista!

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