Produto, Praça, Preço e Promoção. Quem se formou em Marketing ou trabalha com isso já está acostumado com esses famosos 4 P’s do Marketing.
Acontece que no dia a dia, a busca por conteúdos específicos sobre a nossa área de atuação pode nos levar a focar muito mais em um “P” específico e esquecer dos demais.
Por exemplo, refletindo sobre a minha rotina, percebi que eu foco muito em promoção.
Por isso, foi revigorante participar do Product Camp Brasil 2018, o maior evento sobre gerenciamento de produtos da América Latina.
Foram dois dias de conteúdo com mais de 800 pessoas reunidas em São Paulo/SP para aprender e discutir sobre Product Management, UX e Growth Marketing.
Com 24 palestrantes de grandes empresas como Nubank, OLX, Visa, Gympass, MaxMilhas e QuintoAndar, o evento me fez recordar da importância do P de produto e ainda trouxe vários insights sobre foco no cliente e usabilidade.
Apesar disso, hoje eu quero focar no lado B do evento: a trilha de conhecimentos sobre Growth Marketing.
Confesso que esperava “mais do mesmo” dos tradicionais eventos de Marketing Digital, mas o que eu vi me surpreendeu. E abaixo eu conto um pouco das palestras que eu mais gostei:
Omnichannel: Como gerar uma experiência multicanal para o cliente e como uma área de Growth contribui para isso
Javier Parejo Dolagaray — Head of Growth, Ammo Varejo
OK, vou ser bastante honesta: quando o assunto é Produto & Tecnologia, eu sempre penso em empresas de software como Google, Apple e Amazon.
E mesmo quando eu penso sobre Growth, apenas marcas como Facebook e Dropbox me vêm à cabeça.
Eu JAMAIS pensaria em algo relacionado a cama, mesa e banho. Mas ainda bem que a equipe organizadora do Product Camp pensou!
Por causa deles, eu tive a oportunidade de conhecer o Javier e entender como o foco na experiência do cliente fez a Ammo Varejo aderir a transformação digital.
Hoje, as marcas mmartan e ARTEX possuem uma complexa estratégia omnichannel que engloba e-commerce, franquias, lojas próprias e lojas multi-marcas.
Ele mostrou como tudo isso foi pensado para garantir uma experiência multicanal agradável e consistente. E, mais do que isso, apresentou números que provam que canais online e offline não precisam, necessariamente, ser concorrentes entre si.
Por exemplo, a opção de comprar um produto no site e retirar em uma loja física se mostrou uma oportunidade perfeita para os vendedores sugerirem produtos complementares, aumentando o faturamento de suas lojas.
Resumindo, a equipe de growth da Ammo Varejo sabe tirar proveito da sua extensa base de dados para entender os clientes e criar ações que incentivam o crescimento de suas marcas.
Quando Growth e Branding andam juntos: Case MaxMilhas
Tahiana D’Egmont — CMO & Partner, MaxMilhas
Tahiana começou compartilhando um pouco da história da MaxMilhas (que foi batizada em homenagem ao dono, Max!), mostrou como é a organização da sua equipe de Marketing e então partiu para 3 cases da empresa:
Black Friday
Assim como outras empresas, a MaxMilhas precisa de uma operação especial para comportar o alto fluxo de visitantes durante a Black Friday.
Pensando nisso, em 2018, Tahiana e sua equipe criaram uma campanha na qual os inscritos receberam descontos antes dos demais, como numa lista VIP.
A ação ajudou a antecipar parte da movimentação da Black Friday e ainda garantiu um aumento substancial na geração de leads.
Dia Mundial das Milhas
Celebrada anualmente no dia 6 de Janeiro, essa data é uma iniciativa criada pela MaxMilhas para atrair novos usuários através de uma estratégia de marketing viral.
A ação parte do pressuposto que quanto mais pessoas se cadastrarem, maiores serão os descontos oferecidos — um estímulo incrível para os clientes convidarem amigos e familiares a participarem da promoção!
Por conta da estratégia, essa data desbancou a Black Friday e se tornou o dia de maior faturamento da empresa.
Desafio do Amor a Distância
Conectando a marca com um propósito altamente emocional (relacionamentos), essa campanha utilizou os princípios da gamification engajar com o público e reforçar o branding da MaxMilhas.
Para participar, as pessoas que tinham um relacionamento à distância deviam cumprir 5 desafios:
- cadastro;
- troca das fotos dos perfis do Facebook para o avatar da campanha;
- um post no Facebook avisando os amigos sobre a participação no desafio;
- outro post fazendo uma declaração de amor;
- e, por fim, conquistar 100 curtidas no perfil do casal dentro do site da promoção.
Aqueles que cumpriram todas as etapas conseguiram 5 cupons promocionais de 3.000 milhas para garantirem a viagem de reencontro.
O resultado final, além do impacto em brand awareness, foi um aumento significativo no engajamento das redes sociais da MaxMilhas, um alto número de visitantes no site da promoção e dezenas de depoimentos agradecidos que servem como prova social para a empresa.
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Growth Hacking Mindset
Philip Klien — Chief Growth Officer, OLX
“PK” tem um currículo de causar inveja: além de ser o atual diretor de Growth da OLX, já passou por grandes empresas como Twitter, Uber, Predicta e SiteApps.
E foi compartilhando as experiências que viveu nessas empresas que ele conseguiu mostrar que growth é muito mais do que os hacks e as “receitas” que são compartilhados na web.
Dentre os cases que ele comentou, alguns me chamaram a atenção:
A troca do botão “favoritar” por “curtir” no Twitter
Embora essa troca pareça simples e até “irrelevante”, Philip falou que essa mudança trouxe um aumento substancial no engajamento dos usuários do Twitter.
E o mais engraçado é que eu vivi esse momento! Lembro de entrar no Twitter em 2009 e achar muito estranho “favoritar” as coisas. Eu só usava esse botão para “salvar” citações ou links interessantes.
Quando ele virou um coração, passei a utilizá-lo com mais frequência para mostrar o meu suporte ou interesse em algum conteúdo…. e mais pessoas fizeram o mesmo, o que tornou a rede muito mais ativa.
Sua empresa também está no Twitter? Descubra como tirar mais proveito dessa rede social com a ajuda do nosso Guia de Marketing no Twitter.
Concorrentes “pescando” motoristas na frente do escritório do Uber
PK mostrou uma selfie sua na frente do escritório do Uber onde era possível ver algumas pessoas no fundo, com o uniforme de outros aplicativos de transporte.
De acordo com ele, essas empresas sabiam que muitos motoristas iam até o escritório do Uber resolver questões burocráticas e, por isso, aproveitavam o momento para convencê-los a utilizarem seus aplicativos também.
Embora a atitude seja considerada uma tática “black hat”, ela era certeira: a empresa conseguia abordar e adquirir novos usuários com um CAC baixíssimo.
Inovando a Inovação
Pedro Waengertner — CEO, ACE Startups
Confesso que quando vi o nome da palestra do Pedro, não senti muita empolgação: achei o título “startupeiro” demais. Porém, quando ele assumiu o palco, derrubou meu preconceito e muitas das convicções errôneas que são espalhadas no mercado.
O talk foi baseado no livro dele, “A estratégia da Inovação Radical”, e deu uma prévia dos 6 princípios da inovação radical. São eles:
1 – Design organizacional
Ao contrário do que parece, esse tópico não tem nada sobre mesas de ping pong e máquinas de choppe no escritório.
Aqui, design organizacional é sobre incentivar o intraempreendedorismo, ou seja, permitir que os funcionários sejam criativos e pensem em novas iniciativas dentro da própria empresa.
2 – Gestão ágil
De nada adianta deixar as pessoas terem novas ideias se elas não conseguem estruturar o projeto e/ou precisam da validação de diversos stakeholders.
Resumindo, gestão ágil é sobre encontrar o melhor fluxo de trabalho para viabilizar ideias inovadoras.
3 – Parcerias
Já dizia o provérbio africano: “Se quer ir rápido, vá sozinho. Se quer ir longe, vá em grupo.”
Como o objetivo da maioria das empresas é ter uma vida longa e próspera, nada melhor do que contar com o suporte de outras companhias para viabilizar novos produtos ou serviços.
4 – “Mate seu próprio negócio”
A ideia aqui é fugir do famoso problema de miopia em marketing e dar espaço para iniciativas que parecem distantes do seu produto ou até mesmo aquelas que vão contra ele.
Por exemplo, você já parou pra pensar no que teria acontecido se a Kodak tivesse investido em inovação e criasse as câmeras fotográficas digitais? Pois é!
5 – Pensamento de investidor
As empresas têm medo de errar. Fato.
E é exatamente por isso que elas precisam aprender a pensar como os investidores: eles colocam dinheiro em 10 startups e sabem que provavelmente 8 delas vão falir.
A questão é que as outras 2 vão dar TÃO certo, que vão compensar as perdas financeiras das outras 8, o que faz o risco valer a pena.
Ou seja, foque nos resultados que você pode obter e não no prejuízo que os seus testes podem causar.
6 – Foco no cliente
Por fim, reforçando a ideia que foi transmitida durante todas as outras palestras, uma inovação que não gira em torno do cliente não terá sucesso.
Simples assim.
Resumindo
A trilha de Growth do Product Camp acertou em cheio ao trazer palestrantes de diferentes mercados para compartilhar cases reais.
Ver na prática o que já foi feito por outras empresas é uma forma de aprendizado muito mais estimulante. Não é à toa que eu aguardo ansiosamente pela edição de 2019!
E você, costuma frequentar muitos eventos sobre Marketing & Produto? Então veja nossa lista com os melhores eventos sobre esse tema no Brasil!
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